segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Diz aí, Vinicius


E o saber amar?
A sua Insensatez também é a minha
talvez até os mesmos vícios.
Ah, Vinicius,
sua poesia é tão líquida
quanto os amores que tive,
e sua voz rouca
tão pequena e pouca 
a cantarolar prazeres bêbados
me faz pensar
na figura de um até bom pai
sempre com o copo na mão
bebendo e dando conselhos desconexos
porque o repertório de amor, paixão e sexo
não por acaso inclui pedidos de perdão
– sempre, e devidamente, apaixonados.

Diz aí, Vinicius,
e o saber amar?
se há como dizê-lo...
Com tanto verso e zelo
tu deverias saber ao menos
se é tão possível dizer
quanto convém, antes de tudo, fazê-lo.

E já estou me convencendo
que se dizê-lo é possível
só o seria mesmo nessa forma de cadência
em que tão humana transcendência
me visita nas curvas dos versos seus...

Ah, Vinicius,
cria, canta e faz chover,
com toda sua poesia,
samba de bênçãos do céu.


Escrita em Porto Alegre, 29 de outubro de 2012,
para os 100 anos do nascimento do poeta em outubro deste ano.


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